quinta-feira, 29 de julho de 2010

Por falar em palmadas...

...lembrei-me do Método Ludovico (pra quem não reconhece, clique aqui e leia sobre Condicionamento Operante).

O Método Ludovico foi um tratamento desenvolvido pelo governo britânico para "curar a violência" em delinquentes no futuro proposto por Anthony Burgess em Laranja Mecânica ("A Clockwork Orange", 1962), adaptado para os cinemas por Stanley Kubrick em 1971. 

Ok, cultura à parte, você agora se pergunta: Mas o que isso tem a ver com palmadas? Eu respondo!
Existe um projeto de lei rolando lá na câmara (clique para saber mais: PLC 7672/2010) que propõe que os pais sejam proibidos de usar castigos físicos para corrigir seus filhos. E isso é grave...
Ainda que num primeiro momento se pense que o Congresso nunca votou nada tão humano, chamo a atenção para o fato de que, durante a educação de uma criança, palmadas e beliscões não devem (até porque não são de fato) ser categorizados como violência, ou ainda, abuso do poder que os pais exercem sobre os filhos e sim como ferramenta de educação. Não estou aqui sendo partidário de pais que agridem os filhos (esse caso é totalmente diferente!) e nem vou ficar justificando minha posição, até porque esse não é o objetivo deste texto, mas pergunto: Por que uma criança não coloca a mão no fogo? Porque a mãe disse pra ela não fazer ou porque ela fez, sentiu dor e aprendeu que não é uma boa ideia?

O Método Ludovico é considerado ainda mais violento do que as atrocidades cometidas pelo personagem Alex, principalmente se falarmos no sentido psicológico, pois condiciona o sujeito a não praticar tais atos por meio de indisposição, náuseas e até dores, tornando-o vulnerável a toda e qualquer situação que lhe traga a ideia de violência, abuso, sexo, falta de respeito etc. Até se ver na TV ele passa mal. 
A ideia de "condicionamento x dor" relacionada à criança difere do Método Ludovico no sentido que não tira a liberdade de escolha da criança, ou seja, ela sabe que se fizer algo errado de acordo com os parâmetros estabelecidos por seus pais poderá sofrer de alguma forma, mas se ela quiser passar por cima disso ela irá passar. E é aí que entra o outro lado da educação: o amor e o respeito. Estes dois são os responsáveis por fazer a criança pensar se deve ou não obedecer de acordo com o amor que percebe dos pais para com ela e do respeito dela para com os pais, influenciando diretamente no caráter do indivíduo.

De qualquer forma, enquanto a votação não sai, a vida segue aos trancos e barrancos. Espero não estar aqui para ver o dia em que o Estado seja obrigado a usar técnicas de condicionamento operante para controlar os distúrbios de violência e caos da sociedade devido a uma simples e "humana" decisão de retirar dos pais a possibilidade de educar seus filhos.
Que os deuses-parlamentares tenham piedade de nós...

"É tão inumano ser totalmente bom quanto totalmente mau. O importante é a escolha moral. O mau tem que existir junto com o bem, de modo que a escolha moral possa existir." - Anthony Burgess. 
[Lembrando que, se o mau é a ausência do bem, eles coexistem no ser humano, de fato. - nota do blogueiro]

Até a próxima, Droogs!

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